SER...

É ser-se o poeta das sensações imediatas, confusas,
Dispersas...
O existir e não existir ao mesmo tempo,
Ser outro por um momento.
É sentir sem pensar;
Ser pássaro
E ter asas para voar.

É chorar com a alma,
Num momento em que tudo
É o seu SER mais profundo e valioso.
Conhecer a VIDA por um segundo,
E compreendê-la como um Monumento grandioso que se ergue em Nós.

É poder ter no presente as lágrimas e as alegrias do passado;
Alimentar-se somente do Eu mais profundo;
Esquecer a razão e ficar embriagado pelo gosto de viver
Longe da doença de um pensamento inacabado.
Apenas não pensar, não agir, só sonhar...

Estar alegre num momento de tristeza;
E ser puro.
Ser puro como a agua cristalina
Como a chuva que cai do Céu
Vida que corre nos rios
Como sangue que corre nas veias

Conhecer o Mundo sem que Ele nos conheça a nós
Ser tudo e ser nada
Estar na luz das trevas
E fazer o dia
Virar-se para o futuro;
Viver o presente;
Observar o passado...

Descobrir o Incoberto
Revelar o mistério
Saber quem sou
Saber quem são
Conhecer...

Poder dormir para acordar
E sentir, tocar, cheirar, ver, amar...
Ouvir o vento a contar histórias para relembrar
Todas míticas, seculares, milenares, segredos...

É Um ser mais que Todos e Todos menos que Um
Fechar os olhos cansados de ver
Passar a observar...
Ser livre.
Ser diferente, sendo igual.

Confiar no caminho que traço
Um traço fino a lápis
Para poder voltar atrás e apagar.
Apagar o que fiz mal
Quando a vida me fez enganar

Desejar perder para ganhar;
Chegar até ao mais alto e ver que era apenas o limite do mais baixo,
Não cair e ver então que há muito mais…
Que ver, que tocar, que cheirar, que ouvir, que saborear
Que conhecer, que fazer parte,
Que Ser...

É ter a grandeza de se sentir pequeno.
Conhecer os limites e nada ser impossível
Ter a Vida por um segundo
Mesmo que restando um segundo de Vida.


Pedro Melo